
A perturbação bipolar é uma condição de saúde mental caracterizada por alterações significativas do humor, da energia e do comportamento.
Estas oscilações não são meras variações de humor: tratam-se de episódios clínicos com impacto funcional relevante.
Existem dois tipos principais:
- Bipolar I: episódios de mania (euforia intensa) alternam com episódios de depressão profunda.
- Bipolar II: predomínio de episódios depressivos, intercalados com hipomania (forma mais leve de mania).
Como a bipolaridade afeta os relacionamentos amorosos?
1. Instabilidade emocional que interfere na dinâmica do casal
Durante episódios de mania, a pessoa pode apresentar impulsividade, irritabilidade, comportamentos de risco ou mesmo infidelidade.
Durante a depressão, pode surgir isolamento, apatia e baixa autoestima.
Isto pode gerar confusão, frustração ou até afastamento, especialmente quando o(a) parceiro(a) não compreende o que está a acontecer.
2. Dificuldade em manter rotinas e compromissos
A irregularidade no sono, no trabalho ou nas atividades do dia a dia pode afetar planos, responsabilidades e a estabilidade do casal.
3. Comunicação emocional afetada
Em momentos críticos, a pessoa com bipolaridade pode ter dificuldade em expressar com clareza o que sente, ou reagir de forma desproporcionada.
Isto pode gerar discussões mal resolvidas, mágoas acumuladas e sensação de “andar em montanha-russa emocional”.

Estar numa relação com alguém com bipolaridade: o que é importante saber?
1. A bipolaridade não define a relação
Uma pessoa com perturbação bipolar não é a sua perturbação.
Com tratamento adequado e apoio emocional, é possível viver relações amorosas saudáveis e equilibradas.
2. Conhecer os sinais de alerta
Aprender a reconhecer os primeiros sinais de um episódio maníaco ou depressivo é essencial para agir a tempo.
Mudanças no padrão de sono, no discurso, no apetite, no humor ou no nível de energia podem indicar que algo está a mudar.
3. O tratamento é essencial
A perturbação bipolar exige acompanhamento psiquiátrico e psicológico regular. A adesão ao tratamento é uma base de estabilidade para a pessoa e para a relação.
4. A relação precisa de cuidados mútuos
Não se trata de “tomar conta do outro”, mas de estar presente com empatia, sem perder a própria identidade.
A codependência não ajuda. Apoiar é diferente de tentar controlar.
Estratégias para manter um relacionamento saudável com bipolaridade
- Estabelecer uma comunicação clara, sem medo de falar sobre o diagnóstico;
- Participar em sessões de terapia (individual ou de casal);
- Criar rotinas estáveis e seguras para ambos;
- Ter um plano de ação em caso de crise (com contactos médicos e apoio);
- Proteger também a saúde mental do(a) parceiro(a), com tempo e autocuidado.
E se eu tiver bipolaridade, posso amar e ser amado(a)?
Sim. Profundamente. Plenamente. Com verdade.
Ter uma perturbação bipolar não significa ser incapaz de construir um relacionamento amoroso saudável.
Significa, sim, que é preciso estar atento aos sinais, cuidar do tratamento e comunicar com honestidade.
Saber como a bipolaridade afeta os relacionamentos amorosos é o primeiro passo para deixar de viver a perturbação como um tabu e começar a viver o amor com mais consciência.
A relação pode ser um espaço de cura desde que sustentada na verdade, no cuidado e na presença.
Na Clínica Tear, ajudamos pessoas a viver relações reais, com lugar para o diagnóstico, mas sem deixar que ele defina quem se é ou como se ama.













