Fazer exercício. Marcar aquela viagem. Inscrever-se num curso. Estar com quem nos faz bem.
Todos sabemos o que nos faz sentir vivos e, ainda assim, adiamos.
O mais curioso é que nem sempre adiamos tarefas desagradáveis. Muitas vezes, adiamos precisamente aquilo que mais desejamos, que mais nos nutre, que mais nos aproxima de nós próprios.
Mas porquê? Porque é que deixamos para depois o que, no fundo, só nos faria bem?
Adiar o prazer também é uma forma de medo
Adiar o que nos faz bem nem sempre é preguiça. É, muitas vezes, medo disfarçado.
A psicologia reconhece que há várias razões inconscientes por trás deste comportamento:
1. Medo de sair da zona de conforto
Mesmo quando uma mudança é positiva, ela envolve risco, exposição e imprevisibilidade.
É mais fácil ficar naquilo que é familiar, mesmo que nos limite, do que enfrentar o desconforto de experimentar algo novo, por mais feliz que isso nos pudesse fazer.
2. Crenças limitadoras (e invisíveis)
Frases internas como:
-“Não mereço sentir-me assim tão bem.”
-“Se correr mal, vai doer ainda mais.”
-“Não sou suficientemente bom para isso.”
Estas crenças, muitas vezes formadas na infância, sabem sabotar o impulso da felicidade antes mesmo de se concretizar.
3. Evitação da vulnerabilidade
Fazer algo que nos faz bem exige, por vezes, assumir vulnerabilidade. Mostrar entusiasmo, dizer o que queremos, correr o risco de falhar ou não ser correspondido.
Para quem cresceu num ambiente onde o prazer era criticado ou onde o afeto era instável, a vulnerabilidade pode parecer perigosa.
4. Perfecionismo emocional
Esperar “o momento certo”, “a motivação certa”, “as condições ideais”... Tudo isto são formas de adiar.
Na tentativa de fazer tudo de forma perfeita, acabamos por não fazer nada.
5. Auto-sabotagem como mecanismo de controlo
A auto-sabotagem é muitas vezes um mecanismo inconsciente para evitar lidar com a possibilidade de sucesso e com as suas exigências.
Se nunca avançar, nunca terá de lidar com as mudanças que viriam depois.
Como quebrar este padrão?
1. Identificar os gatilhos emocionais
Perguntar:
-“O que sinto quando penso em fazer isto?”
-“O que é que estou, sem querer, a tentar evitar?”
Estas perguntas ajudam a transformar o adiamento em consciência.
2. Avançar mesmo com medo
Nem sempre é preciso motivação total. Às vezes, é preciso dar um pequeno passo com medo mesmo assim.
A ação desbloqueia a energia, não o contrário.
3. Trabalhar as crenças de fundo
Com a ajuda de um/a psicólogo/a, é possível identificar e transformar as crenças que nos levam a rejeitar o bem-estar que desejamos.
4. Normalizar a imperfeição
Permitir-se viver experiências boas sem que tudo esteja controlado ou garantido. O prazer também é um treino.
5. Praticar o auto-perdão
Adiar não é fracasso, é sinal de que algo dentro de si precisa de ser escutado com mais compaixão.
Adiar o que nos faz bem não é falta de vontade. É, muitas vezes, falta de segurança emocional para acreditar que o prazer é permitido, possível e merecido.
Mas é possível mudar esse padrão.
É possível escolher a si, dar passos pequenos mas consistentes, e deixar de adiar a vida que já quer viver. Na Clínica Tear, ajudamos a transformar bloqueios emocionais em caminhos de realização pessoal.
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