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Art. 02

PREVALÊNCIA DA ANSIEDADE NOS JOVENS E FATORES CONTRIBUINTES

A ansiedade é uma resposta natural do corpo a situações de stress, perigo ou ameaça. No entanto, quando a ansiedade se torna persistente e intensa, pode interferir significativamente na qualidade de vida e no funcionamento diário dos indivíduos.

A ansiedade nos jovens é uma questão crescente de saúde pública em todo o mundo. Estudos mostram que aproximadamente 7.3% dos jovens globalmente sofrem de perturbações de ansiedade. Os fatores de risco incluem pressão académica, uso excessivo de redes sociais, bullying, problemas familiares e instabilidade socioeconómica.

Em Portugal, a situação não é diferente. Pesquisas indicam que uma parcela significativa da população jovem portuguesa enfrenta níveis elevados de ansiedade. Um estudo realizado pela Universidade do Porto revelou que cerca de 16.5% dos jovens em idade escolar apresentam sintomas de ansiedade severa. A pressão para obter bom desempenho escolar, a incerteza quanto ao futuro e as dificuldades económicas são alguns dos fatores que contribuem para essa realidade.

Tanto em Portugal quanto globalmente, a pressão académica é uma das principais causas de ansiedade nos jovens. O sistema de educação altamente competitivo, associado à expectativa de obter altos resultados em exames, pode levar a níveis elevados de stress e ansiedade. O mesmo acontece em relação ao uso de redes sociais e outras formas de conteúdo digital. A comparação constante com os pares, a busca por validação através de “likes” e a exposição a cyberbullying são fatores que afetam negativamente a saúde mental dos jovens.

Problemas familiares, como conflitos domésticos, bem como a instabilidade económica, também desempenham um papel significativo no desenvolvimento de ansiedade nos jovens. Em Portugal, a crise económica dos últimos anos teve um impacto profundo na segurança e bem-estar das famílias, exacerbando os níveis de ansiedade nos jovens.

Consequências da Ansiedade

A ansiedade nos jovens pode ter diversas consequências negativas que afetam a sua saúde mental, física e social. Primeiramente, o impacto no desempenho académico é significativo. A ansiedade pode dificultar a concentração, levando os jovens a procrastinar e, consequentemente, prejudicar o seu desempenho escolar. O medo de falhar pode resultar num baixo desempenho académico e, em casos extremos, levar ao abandono escolar, comprometendo as suas perspetivas futuras.

Além disso, a ansiedade afeta as relações interpessoais. Jovens ansiosos tendem a evitar interações sociais, o que resulta em isolamento e dificuldade em manter amizades. O isolamento pode, por sua vez, levar à sensação de solidão, exacerbando ainda mais a ansiedade e a depressão. Conflitos familiares também são comuns, uma vez que a ansiedade pode causar comportamentos irritáveis ou distantes, gerando mal-entendidos e tensões dentro da família.

A saúde mental e física dos jovens também é prejudicada pela ansiedade. A ansiedade não tratada pode levar ao desenvolvimento de outras perturbações mentais, como a depressão. Em casos graves, a ansiedade pode resultar em pensamentos suicidas, destacando a necessidade urgente de intervenções eficazes. Além disso, a ansiedade crónica pode causar uma série de problemas físicos, incluindo dores de cabeça, problemas digestivos e enfraquecimento do sistema imunológico, comprometendo a saúde geral dos jovens.

A qualidade de vida dos jovens ansiosos é significativamente reduzida. A ansiedade pode diminuir a satisfação geral com a vida, impedindo-os de desfrutar das atividades diárias e de alcançar uma sensação de bem-estar. O medo do fracasso ou da rejeição pode limitar as oportunidades dos jovens de explorar novos interesses, participar de atividades extracurriculares e desenvolver-se pessoalmente, restringindo o seu crescimento e desenvolvimento.

Estratégias para atenuar a

ansiedade nos jovens

Para mitigar as consequências da ansiedade nos jovens, é fundamental adotar uma abordagem multifacetada que envolva intervenções psicológicas, apoio escolar e familiar, além de políticas públicas eficazes. Primeiramente, as intervenções psicológicas são essenciais no tratamento da ansiedade. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes. A TCC ajuda os jovens a identificar e modificar pensamentos negativos e padrões de comportamento que alimentam a ansiedade. Outras terapias, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e a Terapia de Exposição, também podem ser úteis. Além disso, o mindfulness e as técnicas de relaxamento, como a meditação e a respiração profunda, podem ajudar os jovens a gerir o stress e a ansiedade no dia a dia.

As escolas desempenham um papel crucial no apoio aos jovens com ansiedade. A implementação de programas de bem-estar e saúde mental nas escolas pode fornecer aos alunos as ferramentas necessárias para lidar com a ansiedade. Esses programas podem incluir aulas sobre gestão do stress, competências sociais e resolução de problemas. Além disso, a presença de psicólogos pode oferecer suporte individualizado e confidencial aos alunos que precisam de ajuda. É importante também que as escolas promovam um ambiente inclusivo e sem bullying, onde os jovens se sintam seguros e apoiados.

O apoio familiar é vital para ajudar os jovens a superar a ansiedade. Famílias informadas e envolvidas podem oferecer um ambiente seguro e compreensivo, encorajando os jovens a expressar os seus sentimentos e procurar ajuda quando necessário. Os pais e responsáveis devem ser educados sobre os sinais e sintomas da ansiedade, bem como sobre as melhores práticas para apoiar os seus filhos. Participar de atividades familiares, manter uma comunicação aberta e consistente, e proporcionar um ambiente doméstico estável e amoroso são aspetos fundamentais.

Finalmente, é importante que educadores e profissionais de saúde sejam treinados para reconhecer e responder aos sinais de ansiedade nos jovens. A formação contínua sobre saúde mental pode equipá-los com as competências necessárias para fornecer suporte adequado e encaminhar os jovens para serviços especializados quando necessário.

Mitigar as consequências da ansiedade nos jovens requer uma abordagem integrada que envolva intervenções psicológicas, apoio escolar e familiar, políticas públicas eficazes e o envolvimento da comunidade. Com essas estratégias, é possível criar um ambiente de apoio que permita aos jovens lidar com a ansiedade de maneira saudável e alcançar o seu pleno potencial.

Referências

World Health Organization. (2021). “Mental health of adolescents.”

Universidade do Porto. (2020). “Estudo sobre ansiedade em jovens portugueses.”

American Psychological Association. (2019). “The impact of social media on youth anxiety.”

Instituto Nacional de Estatística (INE). (2020). “Indicadores socioeconômicos de Portugal.”

Autor: Drª Rita Maia

2024

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PREVALÊNCIA DA ANSIEDADE NOS JOVENS E FATORES CONTRIBUINTES

A ansiedade é uma resposta natural do corpo a situações de stress, perigo ou ameaça. No entanto, quando a ansiedade se torna persistente e intensa, pode interferir significativamente na qualidade de vida e no funcionamento diário dos indivíduos.

A ansiedade nos jovens é uma questão crescente de saúde pública em todo o mundo. Estudos mostram que aproximadamente 7.3% dos jovens globalmente sofrem de perturbações de ansiedade. Os fatores de risco incluem pressão académica, uso excessivo de redes sociais, bullying, problemas familiares e instabilidade socioeconómica.

Em Portugal, a situação não é diferente. Pesquisas indicam que uma parcela significativa da população jovem portuguesa enfrenta níveis elevados de ansiedade. Um estudo realizado pela Universidade do Porto revelou que cerca de 16.5% dos jovens em idade escolar apresentam sintomas de ansiedade severa. A pressão para obter bom desempenho escolar, a incerteza quanto ao futuro e as dificuldades económicas são alguns dos fatores que contribuem para essa realidade.

Tanto em Portugal quanto globalmente, a pressão académica é uma das principais causas de ansiedade nos jovens. O sistema de educação altamente competitivo, associado à expectativa de obter altos resultados em exames, pode levar a níveis elevados de stress e ansiedade. O mesmo acontece em relação ao uso de redes sociais e outras formas de conteúdo digital. A comparação constante com os pares, a busca por validação através de “likes” e a exposição a cyberbullying são fatores que afetam negativamente a saúde mental dos jovens.

Problemas familiares, como conflitos domésticos, bem como a instabilidade económica, também desempenham um papel significativo no desenvolvimento de ansiedade nos jovens. Em Portugal, a crise económica dos últimos anos teve um impacto profundo na segurança e bem-estar das famílias, exacerbando os níveis de ansiedade nos jovens.

Consequências

da Ansiedade

A ansiedade nos jovens pode ter diversas consequências negativas que afetam a sua saúde mental, física e social. Primeiramente, o impacto no desempenho académico é significativo. A ansiedade pode dificultar a concentração, levando os jovens a procrastinar e, consequentemente, prejudicar o seu desempenho escolar. O medo de falhar pode resultar num baixo desempenho académico e, em casos extremos, levar ao abandono escolar, comprometendo as suas perspetivas futuras.

Além disso, a ansiedade afeta as relações interpessoais. Jovens ansiosos tendem a evitar interações sociais, o que resulta em isolamento e dificuldade em manter amizades. O isolamento pode, por sua vez, levar à sensação de solidão, exacerbando ainda mais a ansiedade e a depressão. Conflitos familiares também são comuns, uma vez que a ansiedade pode causar comportamentos irritáveis ou distantes, gerando mal-entendidos e tensões dentro da família.

A saúde mental e física dos jovens também é prejudicada pela ansiedade. A ansiedade não tratada pode levar ao desenvolvimento de outras perturbações mentais, como a depressão. Em casos graves, a ansiedade pode resultar em pensamentos suicidas, destacando a necessidade urgente de intervenções eficazes. Além disso, a ansiedade crónica pode causar uma série de problemas físicos, incluindo dores de cabeça, problemas digestivos e enfraquecimento do sistema imunológico, comprometendo a saúde geral dos jovens.

A qualidade de vida dos jovens ansiosos é significativamente reduzida. A ansiedade pode diminuir a satisfação geral com a vida, impedindo-os de desfrutar das atividades diárias e de alcançar uma sensação de bem-estar. O medo do fracasso ou da rejeição pode limitar as oportunidades dos jovens de explorar novos interesses, participar de atividades extracurriculares e desenvolver-se pessoalmente, restringindo o seu crescimento e desenvolvimento.

Estratégias para atenuar a ansiedade nos jovens

Para mitigar as consequências da ansiedade nos jovens, é fundamental adotar uma abordagem multifacetada que envolva intervenções psicológicas, apoio escolar e familiar, além de políticas públicas eficazes. Primeiramente, as intervenções psicológicas são essenciais no tratamento da ansiedade. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes. A TCC ajuda os jovens a identificar e modificar pensamentos negativos e padrões de comportamento que alimentam a ansiedade. Outras terapias, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e a Terapia de Exposição, também podem ser úteis. Além disso, o mindfulness e as técnicas de relaxamento, como a meditação e a respiração profunda, podem ajudar os jovens a gerir o stress e a ansiedade no dia a dia.

As escolas desempenham um papel crucial no apoio aos jovens com ansiedade. A implementação de programas de bem-estar e saúde mental nas escolas pode fornecer aos alunos as ferramentas necessárias para lidar com a ansiedade. Esses programas podem incluir aulas sobre gestão do stress, competências sociais e resolução de problemas. Além disso, a presença de psicólogos pode oferecer suporte individualizado e confidencial aos alunos que precisam de ajuda. É importante também que as escolas promovam um ambiente inclusivo e sem bullying, onde os jovens se sintam seguros e apoiados.

O apoio familiar é vital para ajudar os jovens a superar a ansiedade. Famílias informadas e envolvidas podem oferecer um ambiente seguro e compreensivo, encorajando os jovens a expressar os seus sentimentos e procurar ajuda quando necessário. Os pais e responsáveis devem ser educados sobre os sinais e sintomas da ansiedade, bem como sobre as melhores práticas para apoiar os seus filhos. Participar de atividades familiares, manter uma comunicação aberta e consistente, e proporcionar um ambiente doméstico estável e amoroso são aspetos fundamentais.

Finalmente, é importante que educadores e profissionais de saúde sejam treinados para reconhecer e responder aos sinais de ansiedade nos jovens. A formação contínua sobre saúde mental pode equipá-los com as competências necessárias para fornecer suporte adequado e encaminhar os jovens para serviços especializados quando necessário.

Mitigar as consequências da ansiedade nos jovens requer uma abordagem integrada que envolva intervenções psicológicas, apoio escolar e familiar, políticas públicas eficazes e o envolvimento da comunidade. Com essas estratégias, é possível criar um ambiente de apoio que permita aos jovens lidar com a ansiedade de maneira saudável e alcançar o seu pleno potencial.

Referências

World Health Organization. (2021). “Mental health of adolescents.”

Universidade do Porto. (2020). “Estudo sobre ansiedade em jovens portugueses.”

American Psychological Association. (2019). “The impact of social media on youth anxiety.”

Instituto Nacional de Estatística (INE). (2020). “Indicadores socioeconômicos de Portugal.”

Autor: Drª. Rita Maia

2024