O boreout descreve um estado de esgotamento por subcarga mental, em que o tédio constante, a monotonia e a ausência de significado nas tarefas profissionais conduzem a um profundo desgaste psicológico.
Ao contrário do burnout, que resulta da sobrecarga, o boreout emerge da subutilização das competências, falta de estímulo e sentimento de inutilidade. O trabalho existe — mas não desafia, não motiva, não faz sentido.
Sintomas Invisíveis, Sofrimento Real
Apesar de menos reconhecido, o boreout está associado a consequências emocionais e físicas relevantes, incluindo:
- Ansiedade e depressão associadas à falta de propósito;
- Insónia e fadiga crónica;
- Irritabilidade, perda de autoestima e sintomas psicossomáticos.
Estudos demonstram que o estado de vigilância passiva, a par da frustração interna constante, pode ser tão desgastante quanto a exaustão por excesso de trabalho. Muitas pessoas sentem vergonha por se queixarem de um emprego “tranquilo”, quando na verdade estão emocionalmente à deriva.
De Onde Vem o Boreout?
A literatura especializada aponta como principais causas:
- Tarefas repetitivas e sem significado;
- Falta de crescimento ou progressão profissional;
- Ambiente de trabalho estagnado, muitas vezes agravado pelo trabalho remoto;
- Desalinhamento entre as competências do profissional e o conteúdo funcional do cargo.
Estes fatores criam um vazio entre o que a pessoa pode oferecer e o que lhe é pedido. Este desalinhamento conduz à alienação emocional e profissional, com impacto directo na saúde mental.
Estratégias para Retomar o Sentido
A psicologia clínica reconhece que o boreout não é apenas um problema organizacional — é uma condição que exige intervenção ativa.
No Plano Individual
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): para reestruturar pensamentos desvalorizadores e construir resiliência emocional;
- Coaching psicológico ou orientação de carreira: para redefinir propósitos, metas e significado no percurso profissional;
- Exploração de valores pessoais e reconexão com o que importa, como pilar de sentido.
No Contexto Organizacional
- Redesenho de funções para que haja maior correspondência entre tarefas e competências;
- Introdução de novos desafios, inovação e rotação de funções;
- Supervisão ativa e escuta empática das necessidades do colaborador.
Estas abordagens combinadas reduzem significativamente os sintomas de sofrimento emocional, aumentando a motivação, o bem-estar e a satisfação profissional.
Boreout Não é Preguiça — É Sofrimento Silencioso
I
gnorar o boreout é perpetuar o mito de que só o excesso cansa. Mas a verdade é que a ausência de propósito, a inutilidade percebida e o vazio diário são corrosivos.
Falar sobre o tema é o primeiro passo para reconhecer que também o tédio adoece. E, sobretudo, que é possível recuperar a vitalidade profissional — com apoio certo, escuta verdadeira e intervenção especializada.
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Referências bibliográficas
Ansiedade e depressão associadas à falta de propósito;
Irritabilidade, perda de autoestima e sintomas psicossomáticos.
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Referências bibliográficas
Werder & Rothlin (2007). Diagnose Boreout: The Hidden Cost of Underload.
Korn Ferry (2024). Work Burnout, Boredom and 'Boreout'.
Mersin University (2023). Psychological Impact of Boreout on Workers.
Business Insider (2025). How to tell if you have 'boreout' at work & what to do.